segunda-feira, 20 de junho de 2005

CRÍTICA: DANÇA COMIGO / Baila comigo?

Sou suspeita pra falar de um filme chamado “Dança Comigo?” porque já me pronunciei diversas vezes sobre minha paixão por musicais. Não que o título citado acima seja um musical, mas, sei lá, com esse nome um terror sangrento é que não é. Bom, dizem que essa produção americana é uma refilmagem de uma película japonesa de 96 que não vi. Acho horrível quando os ianques pegam uma história legal e a refazem tintim por tintim só porque ela não era falada em inglês, mas também tem o outro lado: o filme japonês não chega a Joinville, o americano, sim. Claro que todos nós podíamos seguir vivendo sem ver qualquer uma das versões, mas “Dança”é bonitinho e não tem vilões. Me fez sair da sessão dando uns passinhos saltitantes, agarrando o maridão e adaptando o título, que virou “Dança Comigo AGORA, Seu Energúmeno”. Se tivesse uma escola de dança de salão por perto, eu nos inscreveria no ato. Mas jamais por 45 dólares a hora, que é o preço da hora/aula em “DC”.

Como você pode notar, estou evadindo o tema Richard Gere o quanto posso. O galã grisalho tá no filme, pra delírio das suas fãs. E aqui ele repete uma de suas marcas registradas, à la “Uma Linda Mulher” e “A Força do Destino”, que é quando ele chega pra sua amada, todo chique num smoking, com uma rosa na mão e sua pose mais sexy. Houve um enorme suspiro coletivo no cinema neste momento. Acho que até os marmanjos emitiram alguns sons. O mais interessante é que o Gere fica mais charmoso à medida que o filme progride, até alcançar o clímax na cena da escada rolante, e tudo isso por causa da dança, acredite se quiser. No começo ele é só um advogado entediado que entra numa academia de dança pra ficar mais perto da Jennifer Lopez, que faz uma instrutora triste (e sua interpretação não é muito mais feliz). O personagem do Gere é casado com a Susan Sarandon, mas eles já estão num estágio do casamento onde os dois são apenas bons amigos. Sabe como no caso Mônica Lewinsky a grande questão era “Sexo oral é sexo?”. Então, em "DC" poderia ser “Dançar com outra constitui adultério?”. A Susan até contrata um detetive particular pra descobrir o que o Gere anda aprontando, e um dos problemas é que há mais atração e empatia nos instantes entre ela e o detetive do que em qualquer cena dela com o Gere.

Os coadjuvantes, aliás, roubam todas as cenas, principalmente a Lisa Ann Walter (não sei quem é, parece que ela esteve em “Todo Poderoso”) como a dançarina sem simancol e o Stanley Tucci como um carinha que tem vergonha de se declarar apaixonado pela dança. Esta, por sinal, é a verdadeira mensagem do filme: homens, parem de achar que dança é coisa de gay. O Gere, que não tem nada de gay, fica bem dançando. Se bem que o Gere fica bem parado, sentado, deitado...

Um comentário:

Alexandre Lancaster disse...

Olha, o filme japonês é melhor de longe.
Mas acho que o que acertaram nesse filme foi o fato de que fizeram de forma decente a transcrição cultural de um filme para outros – não tem ruídos. Para a maior parte das pessoas aqui no Brasil, a versão japonesa vai soar estranha por causa de choques culturais mesmo. :(

Mas eu não teria escolhido o Gere nem por um decreto. O Japonês original não teria inspirado suspiros nas mulheres nem no Japão e acho que isso fazia parte da coisa.