terça-feira, 29 de novembro de 2005

CRÍTICA: AMEAÇA INVISÍVEL / A última do país mais bélico do mundo

Deu cinco minutos de “Ameaça Invisível – Stealth” e eu já tava chorando, puxando o braço do maridão e querendo deixar o cinema. Não sabia do que se tratava aquela gosma, ou senão não teria entrado, mas pensei, no alto da minha ingenuidade, que houvesse algo parecido com uma história. Não há. É um mero comercial dos fuzileiros navais americanos, nossos bravos guerreiros. Tem um quê de “Top Gun”, mais bastante de “2001: Odisséia no Espaço” – eles praticamente plagiam o Hal, meu computador de cabeceira –, e mais um tantinho de “Dr. Fantástico”. A trama, se é que posso usar esse termo, é mais ou menos nesse nível: americano explode cinco caminhões seguidos com um só míssil super potente. Americano vibra e grita: “Na mosca! Bingo! Iupi! Eu sou o bom!”.

A ameaça, que de invisível não tem nada, fala inglês, é musculosa e dotada dos melhores brinquedinhos de guerra que o dinheiro pode fabricar. São dois caras e uma mulher, pilotos de elite, e mais um avião que voa sozinho. O mundo é o playground desses americanos, e eles se divertem pra valer explodindo coisas em vários pontos do planeta. Por onde passam deixam um rastro de destruição em nome da liberdade. Não tem erro: há ogivas nucleares em toda santa tendinha no meio do deserto. Parece que ninguém tem mais nada pra fazer a não ser planejar ataques terroristas ao solo ianque. Então nossos heróis jogam armas químicas em solos alheios, e é óbvio que eles não estão cometendo atos terroristas. No caso deles é patriotismo.

Quando eu não tava vertendo lágrimas, pude me concentrar em diversas partes hilárias. Por exemplo, um aviador diz ser contra o avião auto-pilotante porque aí a guerra se transformaria num jogo de videogame. Hã, só aí?! O que esse pessoal anda fumando antes de explodir povos que não comem hambúrguer? Também é uma gracinha quando nossos heróis bombardeiam um país e se preocupam que a radiação vai causar alguns danos colaterais (eufemismo pra vítimas). A pilota pede pra que os EUA mandem socorro médico imediatamente. Esses americanos têm um coração do tamanho do mundo! O mais engraçado ocorre quando um piloto tem o mapa-múndi inteiro pra desabar em cima, e cai logo na... Coréia do Sul! Isso proporciona ao filme a oportunidade de reviver a década de 70 e matar alguns malditos vietcongues.

O avião que voa sozinho tem desvarios de poder mas no fundo é um cara legal. Só um americano é malvado, um que alardeia fumar charutos “embrulhados nas coxas de mulatas” (nessa hora eu passei mal, confesso). Não entendo bem essa lógica bélica. Digamos que um americano armado invada a minha terrinha e atire em quem vê pela frente. Como que a terrinha vira a vilã da história? Olha, que a CIA não me leia, mas esse tipo de filme faz aumentar muito o meu anti-americanismo. Mais uma lavagem cerebral dessas e eu passo a achar o Osama o homem da minha vida.

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