quinta-feira, 29 de novembro de 2007

CRÍTICA: PIRATAS DO CARIBE 3 / O fim do mundo chegou

Você tá ouvindo a marcha fúnebre como fundo musical deste texto? É que fico chateada por 70% das salas de cinema de SP estarem passando “Homem-Aranha 3” ou “Piratas do Caribe 3”. Ou seja, de cada 10 salas da maior cidade da América do Sul, 7 estão exibindo exatamente dois filmes. Aqui em Joinville, e em vários outros lugares, o índice de ocupação chega a 100%. Mas claro que existem opções: a gente pode escolher se quer ver o arrasa-quarteirão da vez dublado ou legendado. Sei lá, não parece meio que um deserto cultural?

Ok, você venceu: batata frita. Vou falar de “Piratas do Caribe no Fim do Mundo”, vulgo PIC 3. Não vou tentar resumir a trama porque ela é incompreensível. Tudo que você precisa saber é que a franquia toda é baseada num parque temático da Disney. Mesmo que eu não tivesse cochilado em alguns momentos, ainda assim não compreenderia o que se passa. Quer saber quantas tramas paralelas tem? Bom, conte as palavras do título completo e multiplique por três. Que os produtores não me ouçam, mas o roteiro renderia uns cinco filmes, todos intermináveis.

Uma amiga perguntou se PIC 3 era melhor que o 2, que, segundo ela, era horrendo. Eu tive de dizer, sinceramente, que não me lembrava do 2. E se ela me perguntasse três dias depois, eu tampouco me lembraria do 3 (adoro aquela lenga-lenga de que fizeram o 2 e o 3 juntos pra economizar dinheiro. Assim, gastaram apenas meio bilhão de dólares). Só sei que o filme cai muito quando sua principal atração, o Capitão Jack do Johnny Depp, não tá em cena. Em compensação, ele também cai quando há mais de um Jack na tela. Ou seja, PIC 3 é uma permanente queda vertiginosa.

A parte mais divertida é quando o Jack fala pro seu assistente jogar seu chapéu pra cima, e depois ir pegá-lo. Também gostei da paródia de “Era uma Vez no Oeste”. Mas meu efeito especial favorito foi a coxa da Keira Knightley. Seguinte: observe na rua uma mulher magérrima, que seja só osso. Pode acreditar que a Keira é mais magra. Note como ela raramente aparece de corpo inteiro na tela. Geralmente são só closes. Porém, no final tem uma cena mais ou menos erótica (dentro do que permite uma atração voltada para crianças) entre ela e o Orlando Bloom. A gente vê o rosto dela e uma coxona que pode ser de qualquer um, menos dela. Não tem a menor chance que uma moça com as coxas da grossura dos meus braços tenha essa coxa. Foi uma piada? O público riu, se bem que ria a cada vez que alguém dizia Calypso. Eu não entendi. Riu porque pensa na Banda Calypso ou seria algo mais joinvilense? Só lembro de Calypso como aquele biscoito delicioso com preço proibitivo.

Pra quem se diverte com algo além dos efeitos especiais gerados por computador, existe a aparição-relâmpago do Rolling Stones Keith Richards. A gente sabe que é alguém importante porque, apesar do cara dar o ar de sua graça só por dois minutos, sua presença é muito anunciada. Dizem que é o lendário músico, mas não dá pra ter certeza com toda aquela maquiagem. Podia ser a mãe do diretor. Na trama, parece que tem que ser o pai do Jack. Espero não estar contando nada de mais. Acredita que o estúdio fez os críticos americanos assinarem documentos prometendo não entregar nada da trama? Qual das 25 tramas?

É verdade que só existem duas mulheres em toda a saga piratécnica, mas uma é bem grandona (serviço de utilidade pública: é a Naomie Harris, que tava em “Extermínio”). Opa, eu disse duas? Sem contar a dublê de perna! A Keira protagoniza com o Orlando um beijo feito exclusivamente pra concorrer ao MTV Award de Melhor Beijo. Como todo mundo em “Piratas” tem os dentes podres, menos o casal de pombinhos, eles têm mesmo que ficar juntos. Aliás, a cena da proposta de casamento me recordou que eu e o maridão vamos finalmente nos casar oficialmente, depois de uma eternidade juntos. Ao sair do cartório, o lado romântico do meu amor falou mais alto: “Na realidade, fiquei mais emocionado quando compramos a TV de 29 polegadas”. Só mesmo a paixão pra me fazer esquecer que as salas de cinema de todo o planeta foram saqueadas por piratas. É o fim do mundo.

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