domingo, 30 de novembro de 2014

MORALISMO É SEU PAU DE ÓCULOS

Eu nem ia falar mais nada sobre o professor intelectual de esquerda que tem o estranho costume de mandar selfie de pinto, mas algumas coisas ficaram tão ridículas que quero falar mais um pouquinho sobre o caso.
Umas pessoas não muito inteligentes disseram (não pra mim, mas de mim): Como é que ela ousa denunciar isso? Isso num tuíte. Poucos tuítes depois, vem este: Ela sabia do caso desde julho e não denunciou por quê? Omissa! 
Isso da mesma criatura. Mais de uma, até.
Agora pra críticas mais sérias. Respeito a Cynthia, mas acho que desta vez a amizade dela com o professor falou mais alto (leia aqui). 
Primeiro que não se deve generalizar a reação como ação de um feminismo misândrico e punitivista. Tirando mascus, que juram que eu sempre escrevo que "todo homem é um estuprador" (provem, por favor: um print só de algum texto meu já basta), quem acompanha este blog sabe que não sou feminista radical, que defendo que homens podem e devem ser feministas, que acho que punir nem sempre é a melhor opção, e mil e um outros posicionamentos que desagradam muitas feministas mas me deixam tranquila com a minha consciência.

É até divertido às vezes, porque, enquanto sou vista como A Feminista Radical por quem não entende absolutamente nada de feminismo, sou vista pelas feministas radicais como aquela uma lá que tenta agradar o patriarcado. Como se eu estivesse aqui pra agradar alguém! Se eu quisesse popularidade, seria uma reaça machista.

No seu texto, Cynthia diz que "falta alguém" com formação terapêutica para ponderar as emoções envolvidas e evitar ações precipitadas", assim como "falta alguém" com formação jurídica "para avisar que o método escolhido é inadequado" (aqui tem uma excelente resposta a este ponto, esta sim escrita por uma radfem).


Eu concordo. Falta muita gente pra acolher mulheres mesmo. Eu tento há anos incentivar alunas de Direito de várias universidades onde palestrei para fazerem um site com orientações online gratuitas. Para muitas vítimas que me procuram e que estão na universidade, recomendo sempre o coletivo feminista daquela universidade.
Mas tudo que vi neste caso foi gente dizendo que divulgar o ocorrido não foi o certo -- sem propor o que poderia ser feito. Denunciar a quem? Denunciar o quê? Eu sou uma das que acham que não houve crime. Não sei se mandar foto não solicitada do pau seja crime (mandar pra menor de idade é crime sim, mas não sei se o professor fez isso com a menina de 15 anos).

Mas, tipo, não é bacana. Vi feminista dizendo que isso não tem nada de mais, que faz parte da revolução sexual. Ahn, olha, pode ser que muita mulher e feminista adore abrir seu computador e pimba, encontrar lá um pênis inclinado à esquerda. Nada contra quem sinta tesão por isso. No entanto, em geral esta artimanha é usada como opressão, não como algo libertador. E como exibicionismo. E sim, poupem-me de explicar que tem gente com fetiche em exibicionismo, em sadomasô, em cuckold etc. Claro que tem, mas tudo deve ser negociado antes. Não foi o caso. Não é difícil de entender.

O fetiche do professor parece ser justamente a submissão, o controle, a humilhação, o poder sobre as mulheres com quem ele se correspondia/corresponde e, principalmente, sobre os maridos delas, "cornos" que ele queria amansar. Se ele só fizesse isso com quem quer participar desses fetiches, ótimo, maravilha, nem estaríamos aqui discutindo. Mas teve muita mulher que não gostou, que se sentiu abusada. São elas que denunciaram.

E acho absurdo a Cynthia dizer que é contra um feminismo que trata as mulheres como vítimas imbecis indefesas (também sou contra, e não vejo qualquer corrente feminista fazendo isso) ao mesmo tempo que ela sugere que as garotas que denunciaram foram "incentivadas" a tornar o caso público, como se elas não tivessem autonomia pra decidir. Cynthia sugere que elas foram vítimas da "manipulação da fragilidade alheia" -- manipulação não do professor, que escolhia as mulheres a dedo, procurando sempre as fragilizadas, as com culpa religiosa --, mas dessas perversas feministas que só querem fortalecer um "movimento político misândrico". 
Pelo que sei, cinco das muitas mulheres que o professor assediou se reuniram através do Facebook, e juntas, sozinhas, resolveram o que fazer. Só tenho contato com uma dessas cinco. Eu fiz o que podia fazer: a escutei, fui solidária, respeitei seu pedido de "por favor, não conta pra ninguém" (ela me enviou o primeiro de muitos emails no final de julho). Eu pensei que isso tudo nunca iria vazar, já que tanta gente conhece as histórias há dez ou quinze anos, e nunca houve denúncias, só fofocas (pra não perder a fé na humanidade, fiquei sabendo que muitos homens de esquerda já não gostavam do professor por causa dessas histórias).

Quando a moça que tinha me contatado em julho fez o Tumblr -- junto com outras mulheres --, ela me pediu ajuda para divulgá-lo. A intenção dela(s) é que outras moças saibam que aquele professor respeitado, feminista, de esquerda, que vive fazendo julgamentos morais em público, em particular contradiz tudo o que diz. E vira um predador, ao ponto de enviar para uma menor de idade prints de um caso de "amansar corno" do qual ele mais se orgulha: o de um policial que apontou uma arma na cabeça da esposa que o traía. Porque violência doméstica e ameaça de feminicídio são não apenas piadas, como também estratégias para seduzir uma menina de 17 anos.
E como se pode falar em "ações precipitadas", se essa menina passou por esse assédio há três anos? Se a moça que entrou em contato comigo guardou a história -- que pra ela foi uma violência -- durante meses? Anos, meses em silêncio. Elas não me pareceram exatamente precipitados.
E assim, true story: uma feminista nada radical, ao conhecer os detalhes da história, contou para as vítimas que, quando conheceu o professor pessoalmente, anos atrás, já tinha ouvido falar bastante sobre ele mandar fotos nu para várias mulheres. Ela perguntou pra ele por que isso, e ele negou, constrangido, e disse que tinha um casamento aberto. A explicação não a convenceu e, a partir de então, essa feminista tentava avisar discretamente qualquer menina de quem ele se aproximava. Segundo ela, se ela soubesse da "abordagem tão agressiva", teria se pronunciado há mais tempo.

Porém, pra um montão de gente, principalmente os amigos e amigas do professor, e os inimigxs de tudo quanto é feminismo em geral, tudo isso jamais deveria vir a público. O cara deveria poder curtir a vida adoidado tranquilamente, sem ser incomodado por essas beatas moralistas que fazem o maior escândalo ao ver um pau. Nunca viram? Não gostaram? É só deletar, ora! Deixem o cara tão liberado em paz, suas mal-amadas!
Que outras bobagens li e ouvi? Ah sim, a maior de todas deve ter sido esta, vinda de um outro professor universitário, amigão do arauto da revolução sexual: 

Certo. Tudo não passa de um plano sórdido do PT para difamar seus inimigos. Não existem mulheres que se sentiram agredidas e o denunciaram, não existem prints (é tudo forjado ou, no mínimo, editado), não existem relatos, é tudo criação de uma petista (eu!) calhorda e moralista (eu! eu!). É, o cara me chamou de bispa calhorda antes de deletar seu perfil no Twitter.
Como eu não tenho cojones mas tenho peito, e como não sou obrigada a ouvir esses desaforos com um sorriso no rosto, vou responder: cara, calhorda é você, que faz e fala qualquer coisa pra blindar o amigo. E nem você nem ninguém me intimida. Sou professora universitária que nem vocês! Vá abusar das relações de poder com suas alunas!
Ok, fim da carteirada no carteirudo ignóbil. That felt good!
Eu realmente tenho muito poder. E alguns dizem que o feminismo é vitimista.
Bom, não vai dar pra comentar um por um dos absurdos. Só que o Nassif não perdeu uma ótima oportunidade de ficar calado. Ao linkar meu texto, ele aproveitou para dizer que, tadinho, em 2010 foi alvo de linchamento de feministas comandadas pelo professor. É impressionante: o tempo passa, o tempo voa, mas o machismo sem noção do jornalista continua numa boa. Putz, Nassif: o professor não comandou coisa alguma. 
Foi a Cynthia (que ultimamente deu pra crer que mulheres precisam ser comandadas) que chamou a atenção pro seu deslize. Aí euzinha escrevi um post. Seu problema não foi ter colocado a palavra feminazi no título (aliás, é muito difícil decifrar ao que um termo como feminazi se refere? Gayzista e Gaystapo também?), foi ter publicado todo um post misógino de um mascu no seu site. Daí, quando contestado, agiu com agressividade típica
O professor só entrou na onda duas semanas depois. Inclusive, ele escreveu um bom texto sobre quem estava considerando os questionamentos a você, Nassif, um linchamento. Reproduzo uma parte daquele texto aqui. Vai que pode ser didático pro caso de agora:

Sim, de fato causa constrangimento ver críticas de feministas sendo tratadas como linchamentos. Nisso concordamos.
Pra terminar o surrealismo, Túlio, marido da Cynthia, também escreveu um texto, que pode ser resumido em poucas frases: "Não quero falar do meu amigo, mas nada do que ele fez é crime e como não é crime vocês não podem falar sobre isso e como falaram vocês vão ser todas processadas".
Bela forma de mostrar empatia por mulheres que se uniram pra denunciar o que elas consideram um abuso! Espero que, algum dia, essa esquerda feminista dedique às mulheres (inclusive a mulheres feministas que são xingadas, julgadas moralmente, ameaçadas de morte e estupro, sem que ninguém diga nada ou ofereça assessoria jurídica) um décimo da defesa que oferece ao amigão que teve cassado seu livre direito de enviar selfies de pinto. 
Sim, coragem continua sendo enfrentar todo um sistema que insiste em perpetuar preconceitos. E moralismo é seu pau de óculos. 

sábado, 29 de novembro de 2014

"SE ELE FOSSE ASSIM PUBLICAMENTE, NÃO LHE DARIA NEM BOM DIA"

Em julho recebi um email da C. Tive que cortar várias partes, pois obviamente, temendo o julgamento, ela não quer se identificar: 

Por volta de 2010 conheci um blogueiro bastante famoso, que se diz feminista, através de uma postagem no seu blog. Virei fã do cara, li vários posts do blog dele, e passei a segui-lo nas redes sociais. Em 2012, fiz um comentário no facebook dele, e ele me adicionou. Achei estranho, pois ele não me conhecia. Pensei em não aceitar, mas acabei aceitando.
Ele me mandou uma mensagem privada dizendo algo como "Que sorriso lindo que vc tem". Depois disso, ele volta e meia aparecia e comentava alguma coisa, quando eu trocava minha foto de perfil. Eu não entendia nada e dizia apenas obrigada...
Um dia ele começou a falar de como as mulheres da cidade onde ele mora nos EUA são quentes, como as mulheres do nordeste são quentes. Comecei a dar umas evasivas. Pensei em excluir o cara porque achei que ele era doido, apaguei as mensagens e ignorei. Ainda assim não imaginava que ele estava dando em cima de mim.
Outro dia, ele apareceu novamente e começou a dizer que eu era linda, que adorava minhas fotos e falou da vida dele. Eu perguntei: "Vc já viu que eu sou casada?" Ele: "Claro". Daí, do nada, ele me mandou uma foto do pau dele, e disse que estava excitado e louco de vontade de me comer. Eu tomei um susto enorme, fiquei meio atordoada sem saber o que responder, não entendia que diabos esse cara que morava do outro lado do mundo queria com essas mensagens. Ele continuou me perguntando: "E aí, gostou da foto, o que achou?" 
Nessa época, eu estava muito mal, brigada com meu marido, e achei que seria legal entrar na brincadeira. Mas também disse a ele que ficava com vergonha, que não ia dar certo, que era casada, que ele estava brincando comigo, que ele tinha namorada, e ele dizia que nada disso importava. Que ele sempre vinha ao Brasil e passava boa parte do ano aqui, e que ele viria até a minha cidade porque estava louco de tesão por mim.
Apesar de envergonhada e com medo, eu comecei a gostar dessa brincadeira dele. Mais tarde ele cortou contato comigo, eu o excluí, mas voltamos a conversar. Depois de um mês sem falar com ele, o chamei no gtalk novamente, ele me perguntou porque eu o tinha excluído, disse que era besteira e falou que ainda sentia tesão por mim e tal. Disse que "sabia que eu ia voltar", que tinha me "deixado no cio". Eu estava com muito medo de me arrepender, mas por outro lado a curiosidade tinha me vencido.
Aí ele veio com história de horóscopo, dizendo que queria fazer meu mapa astral. Eu disse que não acreditava em signos e ele dizendo que tava curioso, queria saber meu signo, minha data de nascimento, essas besteiras. Fez o tal do mapa astral e ficou me contando que eu devia ceder as tentações, que tinha que entregar tudo. Quando eu passava alguns dias sem falar com ele, ou sem ficar online, ele aparecia, começava tudo de novo e dizia que tinha regras, que eu não podia sumir, que tinha que ficar quietinha, "e que podia aparecer de vez em quando pra pedir pica".
Como amansar um corno. Segundo
o intelectual de esquerda feminista,
é isso que uma mulher casada deve
dizer ao marido
Ele me pedia fotos e eu mandei várias. A partir de um certo tempo ele começou a me contar que já fazia isso há mais de 15 anos, que sempre procurava mulheres casadas. Começou a chamar meu marido de corno e em alguns momentos me chamava de putinha, vagabundinha, coisas do tipo. Ele contou que adorava brincar com os maridos (com o corno, como diz ele). 
Chegava ao ponto de ele me chamar pra bater papo com outras mulheres que ele já tinha pegado ou que ia pegar. Houve uma vez em que ele disse que uma delas queria me conhecer e me passou o contato dela, ela me adicionou, mas eu suspeitei da foto e tal. Quando fui ver descobri que era uma fake e que era ele mesmo.
Teve uma vez em que ele ficou doido, me chamou pra fazer um hangout, quando eu entrei ele estava se masturbando, e ficou comentando sobre mim.
Em maio ele disse que vinha ao Brasil e que tinha uma fila de mulheres pra ficar com ele, mas que ele também queria ficar comigo. Nunca nos encontramos. Um dia ele marcou um encontro comigo na minha cidade e não apareceu nem deu satisfações. Eu o excluí do meu facebook, o bloqueei no gtalk, mas não consigo esquecer isso, Lola. Meu marido está me apoiando, mas mesmo assim não sei o que fazer com essa situação, sei que o cara é um cafajeste, cretino e manipulador. 

Eu: Respondi que ela e o marido deveriam pensar em abrir o relacionamento, a fazer sexo com outras pessoas, mas não com um manipulador fetichista ególatra. Que certamente existe gente por aí que queira experimentar novas experiências sem humilhar os outros, sem comparar tamanho de pau, sem viver de "amansar o corno". Eu ainda não sabia quem era o cara. Desconfiava, óbvio. Não há muitos blogueiros que se dizem feministas com esse perfil. Ela contou quem era. 

A C. continuou: Vc precisava ver como eram as conversinhas dele no início, eu era tão boba que nem percebia o que tava se passando, ficava tipo o que é que esse cara quer mesmo, conversando comigo?
Segundo as palavras dele, em cada cidade que ele visita, já tem uma preparada esperando por ele, inclusive não é só aqui no Brasil, mas em todos os países que ele visita. É tão surreal essa história que eu fico repassando e me pergunto por que merda eu fui entrar nessa cilada, como é que eu fui acreditar em tanta besteira. Chega a ser inacreditável porque pra quem conhece a vida pública dele como eu conhecia, por acompanhar as coisas que ele escreve, parece que se trata de uma outra pessoa.
O papo sempre foi bem machista. Depois que eu entrei na dele e comecei a corresponder ele veio com o papo de que eu tava de quatro por ele, que quando quisesse passava aqui pra me comer, sempre teve essa história de corno, ele se gabava de "comer" várias mulheres, disse que levava os maridos pra assistir na casa dele, que ele pegava todas lá na universidade onde ele trabalha, que ele espera os maridos saírem pra "comer na cama do corno".
No começo eu ainda duvidava seriamente, mas depois que ele criou um chat e colocou eu e mais algumas pra conversar, não tive como não acreditar que ele realmente mantém várias no papo. Ele dizia que deixava todas viciadas, que o pau dele era irresistível, coisas do tipo. Realmente um ególatra...
No blog dele, em 2005, ele publicou uma entrevista de brincadeirinha se vangloriando, se chamando de Don Juan. Pergunta: "O senhor falou da sua relação com sua esposa. Mas não é verdade que o senhor atacou sem dó duas mulheres no referido chat? Resposta: Eu estava meramente demostrando quais são os métodos desse crápula: puxa conversa, diz que mora nos EUA, pergunta de onde é a garota, fala que passa bom tempo todo ano no Brasil e invariavelmente diz que chega pela cidade da felizarda, mesmo que seja Mossoró ou Uruguaiana."
Chega a ser tão insano que eu fico com nojo lendo aquelas porcarias que ele escrevia, me sinto muito idiota por ter caído. Conversei com uma outra pessoa sobre essa situação maluca (sem dizer de quem se tratava) e ela me perguntou se eu já havia lido sobre gaslighting -- é uma técnica usada por psicopatas para manipular suas vítimas.
Mas olha, é foda que tem mais de 15 anos que ele sai por aí fazendo isso, se gabando desse jeito, sendo que por fora o discurso que ele prega é justamente o contrário.  Se ele fosse assim publicamente, eu nunca sequer daria bom dia a ele.

Eu: Contei a ela que, depois de trocar esses emails, conversando com uma leitora querida que conheço pessoalmente, o nome da figura veio à tona. Eu pra essa leitora: "Fiquei sabendo de algo incrível sobre ele esta semana, mas não posso contar".
Ela me liga e a primeira coisa que pergunta é: "O QUÊ você ficou sabendo, que ele manda foto do pau dele pras meninas?!"
Quer dizer, mais uma vez, eu sou a última a saber. Parece que essa fama dele é notória. Eu não pensei que a história iria vazar, mas anteontem surgiu um texto não assinado que resumia bem o modus operandi do intelectual (clique para ampliar).
E ontem algumas das "vítimas" (coloco a palavra entre aspas porque, embora elas se considerem assim, certamente muitas das mulheres casadas que se relacionaram e se relacionam com ele não se sentem enganadas; além do mais, não tenho certeza se ele cometeu algum crime) fizeram um Tumblr chamado "O Estranho Caso do Prof", com alguns relatos e muitos prints de conversas. O objetivo da denúncia, segundo elas, é impedir que outras, que nem imaginam como ele é de verdade, entrem na onda. 
Esses prints são com uma menina que hoje tem 18 anos. Quando ele começou a assediá-la, ela tinha 15: 

Poliamorismo ou relacionamentos abertos não são a praia do prof. Ele prefere humilhar "cornos":

Nesta mensagem, ele conta vantagem pra menor de idade sobre como "amansou um corno", um policial, que segurou uma arma na cabeça da mulher.

Claro que amiguinho hipster do cara vai perdoar qualquer coisa, até um ateu curtir mapa astral ou escrever cinco pontos de exclamação.
Eu não me comunico com ele há algum tempo. Acho que a última vez foi sobre as eleições nos EUA, em que ele disse não se importar se ganhassem os democratas ou os republicanos, porque queria mais é que o país fosse pro poço mesmo. Nos últimos tempos, ele estava torcendo pelo "quanto pior, melhor", principalmente aqui no Brasil. Tornou-se inimigo declarado do PT e de qualquer eleitor do PT. 
Bem diferente de sua postura em 2010. Lembro que discuti com ele por email, porque eu estava super preocupada com as alianças de Dilma com os políticos evangélicos, e ele defendia essas alianças, considerava-as necessárias, e achava que Crivella e cia. nem eram tão ruins assim.
De resto, não acompanhava nada de sua vida pessoal, mas sabia que ele tinha ótima reputação entre grande parte das feministas. Por isso é tão chocante ver um discurso fetichista, vaidoso, arrogante, sem qualquer empatia com mulheres. Um discurso que manipula jovens, que gosta de se comparar a maridos e humilhá-los. Sei lá, a palavra "corno" nem deveria constar do vocabulário de um feminista. 
E fico deprimida que várias feministas se deixem levar por um discurso de "vou fazer de você uma puta". Por outro lado, ele conquista essas mulheres justamente se valendo da postura que tem em público. Como disse a C., se em público ele fosse um mascu, um machista que acha graça de homem traído colocar um revólver na cabeça da esposa, ela não teria chegado perto. Não teria falado com ele, nem sequer o adicionado nas redes sociais.
A zombaria começou anteontem. Os hipsters chamando feministas de moralistas (moralista, pra mim, é outra coisa. É gente que faz da traição um fetiche, que chama marido de corno, que chama mulher que faz sexo anal de puta), dizendo que não há nada de errado no que ele fez (mas no que as garotas fizeram, aí sim foi errado -- principalmente em trazer isso a público), batendo palma pro garanhão, assegurando que essas conversas são absolutamente normais numa relação. 
E eles estão certos. É tudo normal mesmo. Porque já vimos esse filme muitas vezes antes. E a culpa sempre cai na mulher. 
Eu, pessoalmente, continuo acreditando em homem feminista. Não vou perder a confiança em montes de aliados por causa de um. 

Mais aqui, respondendo às críticas: Moralismo é seu pau de óculos.
E mais, com novos desdobramentos: Um pouco mais sobre o caso do professor.